
A saudade vem ao prato várias vezes, de um mesmo nome mas sabores tão diversos que sempre traz um novo jeito de senti-la.
Por vezes vem em doses extras, todas enfileiradas, mãos unidas a visitar. Mas uma delas agora vem cantar o cheiro doce de um amor antigo...
Amor baixinho, de pele macia e enrrugada com pintinhas de enfeite. Amor de voz grave e firme a cantarolar cantigas aprendidas desde a infância.
Amor que esquenta comida e coloca mais no prato enquanto te ouve falar como vão os dias.
Amor que patrocina e entrega escondidinho pra não lhe encabular.
Amor que ora noite e dia por seu caminho e conquistas.
Amor que conta e reconta antigas histórias como se fossem ontem.
Amor de muitos, amor de mãe, amor que é vó, amor que vive em se doar.
Amor que falta, amor que é base, exemplo e força.
Amor que é sempre - e assim é tão saudade, num sabor que vem sempre à boca.
Raiana Reis