quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Das Partes: ensaios - Capítulo II


Timidez.

Nas primeiras horas notívagas os ponteiros já alertavam a Cinderela urbana. Seriam então em doses as descobertas, embora ele confessasse uma agitação desejosa por esticar instantes.

Entre os risos da manhã seguinte, agora a simples chance de quebrar o rush da cidade - Um almoço a dois.
Incrível como eram os mesmos. As teimosias já conhecidas e tão mútuas, faziam cócegas aos nativos de um mesmo sol. Podem até acreditar por charme, esse jeito tão natural em provocar o outro.
Os olhos dele por vezes pareciam a tomar nos braços e a atenção destas cortinas lhe despiam além das vestes, tentavam a leitura de cada gesto. Ela em sua timidez, corria das faíscas que a abrasariam inteira.

Uma pausa e o desejo maior de reencontro.

Ele lhe consentia os planos embora a conduzisse desde o primeiro instante.
Assim ela se preparou, um vestido para ser vista: nos detalhes entre a delicadeza da menina e as curvas da mulher, alguns segredos eram guardados - do frio e dos pequenos olhos de seu par...

A sintonia lhes roubavam as horas, trazia sorrisos e servia caranguejos.

No passeio, mãos ainda distantes. Ele escolhia o cenário, mas repentinamente se tornava menino, na timidez de uma distância. Ela ao seu lado, logo seria a Cinderela outra vez, após o primeiro pastel.

Raiana Reis

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Das Partes: ensaios - Capítulo I


Chegada.

Ela não pintou aquele dia em cores de idealizações, mas nos anseios do imprevisto veio o puro sabor do que é real. Realidade que chegava aos poucos, a cada passo na dança de um reencontro.
No escuro da noite a imagem do pássaro em sua direção dizia o quanto era especial aquele passo, sem promessas ou hipóteses, mas olhares trocados no espaço de um momento.
Sorriu-lhe numa distância já possível enquanto ele desvendava suas tais surpresas - era impossível não o esperar.
Ele chegava com as gentilezas próprias, para os sorrisos desapercebidos e encantamentos que agora ela já sentia.
Se a sintonia era nada mais que costumeira, o imprevisível sempre lhe trazia os bônus.

Hoje ao recordar, ela pensava: "Meu bem, a dança era você quem conduzia, e sem imediatismos, para a maturação dos frutos..."

Raiana Reis

domingo, 7 de novembro de 2010

Dos desejos

Pintura by Jack Vettriano

Quero -
um dia pra raiar comigo, sorriso infantil, sorvete grudento de verão. 
Mar que anuncie o que há por dentro, vento que leve inquietações.

Quero a fé travestida em teimosias, amor coringa em todas as estações.
quero palavras, sempre mais do que silêncios.

Das músicas, ritmo para o corpo e letra ao coração.
Dos dias o imprevisível. Das fotografias as mutações.

Dos sonhos eu quero todos, mas do amor que seja apenas um.

Que as surpresas reacendam os atos, mas não transfigure o personagem na página seguinte.

Quero o amor que me transborda apenas ao lembrar seu nome. Seus anseios e loucuras para dançar com as minhas.
Quero nossos sorrisos largos, a paz no abraço, o papo em horas a fio. 
Que ele entenda a timidez no corpo e a transparência nos sentimentos.
Que leia a sedução dos olhos e a insegurança dos silêncios. 
Que venha sem prazos e se disponha ao encaixe que está além dos corpos...

Raiana Reis

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Extrañandote tanto

Extrañar - é como dizem em boa parte da sul América, mas não há estranhamentos... é apenas uma saudade.
E saudade não se tem a qualquer preço, há que se estar repleto, para se echar de menos...


Da letra, nasce o título. Ao contexto e pano de fundo, Shakira em sua melhor fase, com canções que nos leva à distâncias... Um bolero.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Toma-me

Acerca-me
tateando entre dedos
trespassa em natureza bruta 
o toque preciso que me refaz

Toma-me 
sem restrições 
nesta matéria viva

Arranha-me
entre afincos concisos
os entalhes que me apuram a forma

Moldo-me
maleável ao toque
Sou argila em tuas mãos

Raiana Reis



               (Vídeo por Javier Sánchez in Flickr)

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