sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Nordestina, sim sinhô!

Foi aqui - o início de toda a exploração, toda a imposição, o massacre de um povo em suas terras. Assim começou o Brasil colônia e as terras eram nordestinas.
Sim, há ainda pedaços de solo árido, pedaços de terra seca esturricada, as riquezas exploradas, há gente sofrida e desamparada, mas como dizia o Euclides da Cunha, há uma gente que é, antes de tudo um forte.
A região do nordeste brasileiro, composta por 9 estados, ao contrário do que pensam os que desconhecem suas terras, há uma diversidade imensa, de culturas, recursos, sotaques, belezas naturais e de povo - embora seja o ponto onde converge todas as características, se não por uma homogeneidade, mas por uma comum união, por um sentido único de solidariedade, pelo seu instinto de combater aquilo que igualmente os agridem.
Em face dessa heterogeneidade dentro da região nordeste, não vivo na pele a problemática da seca, ou a falta de oportunidade para qualificação, recursos ou mercado de trabalho... Aracaju, minha cidade natal, tem ótimos índices de desenvolvimento, inclusive o recente título de capital brasileira de melhor qualidade de vida. Apesar de não sofrer as mesmas agruras de outras terras nordestinas, as mesmas dificuldades e sofrimentos de um povo batalhador, eu faço parte deste mesmo grupo e com orgulho. É uma vasta extensão territorial, somos muitos, mas somos um.

E não é assim que deveria ser meu Deus? Onde está a unidade tão ensinada aos teus? Se não existe em totalidade, por que nem ao menos dentro de uma mesma nação?
Claro que os questionamentos não são para o Mestre, mas para aqueles que deveriam ser seus aprendizes.
Somos uma nação que apenas veste a mesma camisa a cada quatro anos, e apenas ali constrói uma falsa imagem de união. Por trás de toda a cortina canarinho, há um povo que segrega, que se afasta entre si, que discrimina a riqueza de suas diferenças.

Motivados a conseguir conquistar com braço forte oportunidades maiores, muitos foram os que migraram e alguns ainda o fazem. Com a cara, a coragem e trabalho árduo, ajudaram a construir o que é hoje regiões como a grande São Paulo. Esta mesma terra que algum dia lhe foi encanto, é a mesma que agora no usufruto de seus esforços, os repelem. E não precisa estar lá para sentir. Basta assumir a sua origem e partilhamos o pão que assim amassam.

Nem todo nordeste é sertão, mas ainda que fosse não seria defeito. Sou nordestina sim, obrigada!

Esse vídeo mostra um pouco desta triste realidade brasileira, conscientizemos!

4 comentários:

Beth disse...

Bravo!!!! Nasci no Rio de Janeiro, mas a minha alma é nordesdtina, sim senhora! Amei o seu texto, tomara que as pessoas o vejam com esses olhos tão apaixonados que temos pela nossa terra! Um abraço sertanejo montealegrense pra ti!

Kalena disse...

E que Nordeste maravilhoso. Parabéns , menina... ame o seu nordeste que nos dá um banho de bons exemplos. Maravilhosa sua crônica. Beijos e feliz fim de semana.

Jaime Guimarães disse...

Moça, sabes que sou paulistano radicado no Nordeste - paulistano de nascimento, de pais nordestinos, da mesma forma que milhares em Sampa, Rio e pelo Brasil inteiro - e por isso mesmo detesto esses preconceitos e certos radicalismos.

Primeiro, temos que bater palmas para o Nordeste, que vem dando um belo exemplo de consciência política. Sim, ainda temos um Sarney aqui e um Calheiros acolá, mas o povo do NE vem limpando a área de alguns velhos coronéis e de certas correntes políticas que dominaram a região por anos. O carlismo na BA já era, só restou mesmo ACM Neto e ainda assim a cada ano vem perdendo votos; Pernambuco também deu seu recado nas urnas, da mesma forma que o Ceará. Em Alagoas temos um quadro bem complicado, mas aos poucos há avanços e os Sarney não são mais absolutos no Maranhão.

Costumo dizer que boa parte da cultura brasileira ainda está viva aqui no Nordeste. E faço coro com a imortal definição do grande Euclides da Cunha: o sertanejo é, antes de tudo, um forte. E neste sertão encontramos ainda uma essência do que é o Brasil e sua rica diversidade.

Radicalismos: existe um movimento de torcedores aqui em Salvador que ofende torcedores nordestinos de outros times (do Sul e Sudeste)e que diz "nordestino torce para time nordestino". E as faixas e cantos provocativos acabam criando certa animosidade. Não gosto desse tipo de coisa. Pode parecer bobo algo vindo de um grupo (crescente) de torcedores de futebol, mas lembremos que certos movimentos radicais e totalitários nasceram de forma quase..."inocente". Fogo x fogo não é a melhor política.

Bj, moça bonita da terra do Caju!

Angella Reis disse...

Nordestinas, sim sinhô! Excelente texto! Como você também orgulho-me de ser nordestina. Infelizmente preconceitos existem sobre vários aspectos. E há àqueles que deconhecem a realidade e agem como se fossem senhores de todas as verdades. É lamentável as cenas mostradas no vídeo. Acham-se melhores? Não, não são. Somos todos iguais, e como todos seres humanos, carregamos nossa individualidade, o que nos torna únicos. Temos uma cultura diversificada o que não nos torna melhores, nem piores que ningúem. Somos Nordeste e somos Brasil. Terra abençoada e de inúmeras belezas. Tudo isso é só questão de saber respeitar seu semelhante, respeitar as diferenças, vêm de berço. Mas nunca é tarde para aprender. Quem sabe aprendam.

Um ótimo domingo prima! Jesus te abençõe! E venha nos visitar, tá certo?

bjos

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