domingo, 8 de agosto de 2010

Três letras


A conta sempre foi de subtração, metade dos galhos de uma árvore e o esquecimento do famoso domingo no calendário. O tio ganhava o chaveirinho do colégio e a mãe o substantivo composto. Ele, quase sempre a velha recordação da menina que se escondia atrás do sofá.
Sem dramas, sem faltas... Todos aprendemos a substituir espaços, especialmente tendo-os desde o princípio.
Dos raros encontros e invariáveis ligações, qual o vínculo nos amarraria além do nome? Qual o valor de um "eu te amo" em voz embriagada de quem tão pouco lhe conhece?
A surpresa é que fissuras abrem-se mesmo quando já parece tarde. Na mulher, coube o espaço da menina em desabafo. No reencontro, só possível por um luto, a estranha sensação dos olhos que reconheciam nos traços pouco vistos e já tão mudados, o dono da palavra quase não dita - Pai.


- Difícil a pronúncia por quem não vê a representação deste papel, mas não sobram mágoas, já deve levar o peso de suas escolhas. Se na árvore já emendo partes perdidas, nela tem o seu espaço.

Raiana Reis

7 comentários:

Gil Façanha disse...

Raiana, vi teu endereço no Recanto das letras e vim conferir teu espaço. De cara já vi que nossos blogs tem algo em comum. Temos o mesmo linkwithin, e mais, no teu perfil tu tens um texto de Clarice Lispector, e no meu também...rsrsr. Se desejar, dá uma passadinha lá. www.publicandosentimentos.blogspot.com . Um abraço.

Gil Façanha disse...

Raiana, conheci os textos de Clarice Lispector no ano passado e fiquei absurdamente encantada com a forma que ela brinca com as palavras. Ao ler alguns textos dela parecia que via a minha própria alma ali. Portanto entendo o que falas sobre ela. No meu blog tem outros textos com os quais me identifiquei, como Rifa-se um coração e um outro que não me recordo o nome. Sou encantada pelo talento e sensibilidade dela, a ponto de ler o mesmo texto várias vezes, na tentativa de não deixar escapar nenhum sentido. Bjs e até a próxima.

Gil Façanha disse...

p.s.: Graças ao teu comentário, consertei o título do texto de Clarice. Havia colocado o título errado por estar errado no site que encontrei. Grata.

luciano fortunato disse...

uma das canções que mais me fez chorar em minha vida foi "pai", de fábio júnior. sou filho de mãe solteira: tenho bons hiatos, sabe? seu texto é muito bom. a foto que é "apenas uma foto" é muito boa. enfim, seu espaço digital é muito bonito, delicado e inspirado. gostei muito.

H. Machado disse...

Guarde consigo o que há de melhor, e faça das dores tua maior força e beleza. É assim que fazem as pérolas. E você é, delas, a mais rara.

Jaime Guimarães disse...

Moça, a conta FOI de subtração...o que fazemos e o que faremos com os dividendos deste período que passou é o que vale. Multiplique os lindos sorrisos de menina e adicione toda a sensibilidade da mulher que se tornou.

Bjs, sumida...rs

Denis Correia disse...

Olá.
Que belo texto... tão suave.
Ele é pequeno, mas diz tudo o que precisa ser dito.
Meus parabéns... gostei muito.

Boa tarde.

;D

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